quinta-feira, 30 de abril de 2009

Semiótica no jornalismo



O jornalismo e a Semiótica







A produção jornalística possui caráter essencialmente semiótico. Seja pela pretensão representacional intrínseca ao processo, seja pela oferta de sentidos sobre o mundo que ela opera ou, até mesmo, pelo fato de intervir neste mundo ao ponto de, de algum modo, constituí-lo, sua semioticidade transborda em várias nuances. Pretende-se, neste artigo, o levantamento destas nuances e seus possíveis vínculos com algumas perspectivas teóricas projetadas para o jornalismo ao longo do século XX. Pensam-se, em um primeiro momento, as práticas jornalísticas a partir de uma semiótica que dê conta não só dos aspectos constitutivos da linguagem propriamente dita, mas também de toda a processualidade disparada na produção de qualquer sistema de signos. Em um segundo, postula-se o jornalismo com um dos atores da construção da realidade social e das operações de enquadramento que delimitam o espaço chamado de semiosfera.


Do ponto de vista do jornalismo, considerando-se a notícia como signo, a perspectiva de Peirce introduz desdobramentos preocupantes nas práticas e linguagens jornalísticas, como já vemos neste blog as suas ideias.
Existe uma idéia de que a produção de notícia participa da construção social da realidade. Convém pensar de que maneira o jornalismo começa a se postular não só como uma prática que se esgotaria em sua ação na difusão disso que o senso comum chama de real, mas como alguma coisa que tenha estatura epistemológica na medida em que também cria um conhecimento sobre esse mundo sobre o qual atua e interage. Serão nas formulações pioneiras de Otto Groth que esse pensamento começa a ganhar consistência.
Ghrot entendia que jornais e revistas são obras culturais, cultura entendida em termos abrangentes como conjunto de criações humanas de sentido que estão em constante crescimento e mutação. Se quisermos, indagava ele, uma ciência cultural própria dos jornais e das revistas, precisaremos perguntar primeiro a respeito dessa unidade interior assim determinada e constatar nossos problemas e conceitos de acordo com ela, mas não pesquisar, por exemplo, os conteúdos político-históricos ou os produtos literários dos jornais e revistas. "Esses objetivos já são perseguidos por outras ciências e deveriam ser perseguidos por elas, e para a ciência jornalística os resultados a serem obtidos só entram em cogitação secundariamente: neste sentido, aquelas ciências serão ciências auxiliares da ciência jornalística autônoma e particular".
Os meios de comunicação introduzem complexidades inéditas a tais processos, pois, entre outros fatores, junto com o seu advento, emergem toda uma nova diversidade de sistemas de signos, no interior dos quais a linguagem jornalística se institui, se prolifera e se diversifica. Os avanços da industrialização ainda no século XIX, a consolidação hegemônica de um pensamento burguês liberal e a gradativa transformação dos bens simbólicos em mercadorias contam com a presença constitutiva do jornalismo.
Fonte: http://www.compos.org.br/

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